Trabalhávamos
no Snake Bar. Isabel como door e eu como barman. O clima andava quente na
última semana, por conta dos olhares e risinhos provocantes que ela me lançava
todas as noites, como se quisesse me lembrar a todo tempo que tínhamos um
acordo tácito de pertencer um ao outro.
O
fato é que eu não estava mais em meu juízo perfeito. Qualquer passo que ela
desse, com suas botas de vinil preto e salto alto perto de mim, me fazia
imaginar mil coisas. Fazia parte do jogo dela, e eu não podia sair agora. Mas
não quis apressar as coisas. No fundo, tudo aquilo era instigante. Por volta
das 4 da manhã, eu estava arrumando as garrafas quando ela se aproximou de
repente:
-
E aí, Henrique? Vamos comer alguma coisa?
Quando
me virei, ela estava encostada com os cotovelos apoiados no balcão, olhos
profundos, cabelos ruivos quase naturais, agora soltos, caindo sobre os ombros
e o vestido vermelho. Era como se tudo tivesse sido perfeitamente colocado ali
pra me enlouquecer. Fechamos o bar, levamos uma garrafa de vinho e caminhamos
até o Pizza Express. Pedimos uma gigante de calabresa e partimos para o
apartamento dela, que ficava próximo dali.
Foi
só o tempo de trancar a porta, largar a pizza em cima da mesa e me deixar ser
puxado até o quarto. Ela me empurrou e eu caí sentado na cama. Ela habilmente
arrancou o vestido e, calçando apenas as benditas botas até as coxas, ordenou:
-
Me fode.
Sempre
me considerei um cara experiente em relação a sexo, mas aquela mulher era
diferente de qualquer outra. Olhos famintos, lábios úmidos, a pele pegava fogo.
Isabel não tinha pudores nem limites. Enquanto enlaçava meu corpo com as
pernas, segurei seu cabelo na parte da nuca, sentindo-a cravar as unhas em
minhas costas, e os dentes em meu pescoço.
Confesso
que ao longo da vida, me acostumei a dominar, a ser servido. Mas quando os
dedos finos estalaram em meu rosto, e aquele riso diabólico passou pelo rosto
dela, eu me rendi. Iria onde quer que ela me levasse, não tinha mais volta.
O
sol invadiu o apartamento, se enfiando naqueles cabelos ruivos. Enquanto estava
sentada na cama encostada na cabeceira com os seios à mostra, ela enrolava calmamente
um baseado. Nunca fui muito de fumar, mas acabei fumando. Relaxamos, bebemos e devoramos
a pizza. Teoricamente era o fim do jogo pra ela, mas e pra mim?